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Tipo do documento: Dissertação
Título: Corpos femininos e o uso de crack: experiência, modos de subjetivação e agenciamentos.
Autor: Terto, Luisa de Marilak de Sousa 
Primeiro orientador: Amazonas, Maria Cristina Lopes de Almeida
Primeiro coorientador: Lima, Ricardo Delgado Marques de
Primeiro membro da banca: Raimundo, Valdenice José
Segundo membro da banca: Lourenço, Gilclécia Oliveira
Resumo: Em função de sua natureza multifatorial, a dependência química requer abordagens de cuidados amplos, integrados e diferenciados e, pensando nisso, o presente estudo objetivou compreender a experiência de vida de mulheres usuárias de crack na contemporaneidade. É de fundamental relevância aprofundar o entendimento de diversos modos de subjetivação feminino para se pensar práticas de acolhimento que levem em consideração o contexto e as demandas das mulheres que usam crack. Neste sentido, este estudo se caracteriza como uma pesquisa de natureza qualitativa em que foram entrevistadas, individualmente, sete mulheres, na faixa etária dos 28 aos 37 anos de idade, todas do estado de Pernambuco, Brasil. Utilizou-se como método de construção dos dados a História de Vida (HV). Optou-se por fazer uso de uma entrevista narrativa e também o uso de um Diário de Campo, em que foram registradas diversas vivências, observações e reflexões construídas ao longo do processo de produção dos dados. Como estratégia de análise, lançou-se mão da analítica discursiva de inspiração foucaultiana. As narrativas das mulheres entrevistadas apontam que é impossível compreender o fenômeno do crack sem ter um olhar sobre o contexto sociocultural e histórico dos sujeitos. O uso da categoria analítica do gênero é de extrema relevância para a compreensão não só dos processos orgânicos e fisiológicos, como também, dos discursos e saberes que entrelaçam a vivência dessas mulheres enquanto usuárias de crack. Observou-se que nos processos de reconhecimento de identidades, são inscritos ao mesmo tempo as atribuições de diferenças, que implicam instituições de desigualdades, de hierarquias estabelecidas imbricados nas redes de poder que circulam em uma sociedade. A sociedade ao classificar os sujeitos, os divide atribuindo rótulos com a pretensão de fixar as identidades, definindo, separando e de diversas formas distinguindo e discriminando. Isso é o que ocorre em nossa sociedade, principalmente com as mulheres usuárias de crack, Em um contexto social amplo, certos comportamentos e práticas são estimulados para homens e inibidos para mulheres e as normas de gênero a serem transmitidas, a partir da socialização, reproduzem discursos hegemônicos sobre o que é ser uma mulher em uma sociedade que inviabilizam o olhar para as mulheres usuárias de crack e traz uma problemática imensurável a essa parte da população que fica às margens da exclusão social. Elas são desassistidas pelas políticas públicas em geral, são consideradas pelo poder como desimportantes e como vidas que deveriam ser corrigidas ou que não mereciam ser vividas, “corpos abjetos”. Conclui-se que, o discurso sobre “o ser mulher” atua sobre elas produzindo modos de se relacionar, de ser num processo de subjetivação agenciado por estratégias políticas, normativas e culturais, no entanto, a experiência de vida de mulheres usuárias de crack na contemporaneidade se caracteriza como um fenômeno complexo e não passível de explicações causais e simplórias. O sujeito que aqui se apresenta é ativo no seu processo de subjetivação, produzindo modos de resistência e de subversão que tencionam o poder disciplinador do discurso sobre a mulher que usa drogas.
Abstract: Because of its multifactorial nature, chemical dependence requires broad, integrated and differentiated care approaches, and in the light of this the present study aimed to understand the life experience of women users of crack in contemporary times. To deepen the understanding of different modes of female subjectivation is of fundamental relevance in thinking about reception practices that take into account the context and the demands of women who use crack. In this sense, this study is characterized as a qualitative research in which seven women were interviewed individually, in the age group from twenty-eight to thirty-seven years of age. All of the State of Pernambuco. We used as a method of data construction the History of Life (HV). We chose to make use of a narrative interview and also made use of a Field Diary, in which various experiences, observations and reflections were recorded throughout the data production process. As a strategy of analysis, we use discursive analytics of Foucaultian inspiration. The narratives of the interviewed women point out that it is impossible to understand the phenomenon of crack without having a look at the sociocultural and historical context of the subjects. The use of the analytical category of the genre is of extreme relevance for the understanding not only of the organic and physiological processes, but also of the discourses and knowledge that intertwine the experience of these women as users of crack. Therefore, we observe that in the processes of recognition of identities, the attributions of differences, which imply institutions of inequalities, of established hierarchies imbricated in the networks of power that circulate in a society are inscribed at the same time. The society in classifying the subjects, divides them assigning labels with the pretension to fix the identities. It defines, separates, and in different ways distinguishes and discriminates. This is what happens in our society, especially with women who use crack. In a broad social context, certain behaviors and practices are stimulated for men and inhibited for women. The gender norms to be transmitted from socialization reproduce hegemonic discourses about what it is to be a woman in a society that makes the view of women who use crack unfeasible, and brings an immeasurable problem to this part of the population that is on the margins of social exclusion. They are disregarded by public policies in general. They are considered by the power as unimportant, lives that should be corrected or that did not deserve to be lived, "abject bodies". It is concluded that the discourse on being a woman acts on them, producing ways of relating, if being, in a process of subjectivation that is agriculated by political, normative and cultural strategies. However, the life experience of women users of crack in the contemporaneity, is characterized as a complex phenomenon and not subject to causal and simplistic explanations. The subject presented here is active in his subjectivation process, producing modes of resistance and subversion that intend the disciplinary power of discourse on the woman who uses drugs.
Palavras-chave: Psicologia clínica
Mulheres - Psicologia
Violência
Crime contra a mulher
Gênero
Drogas - Descriminalização
Dissertações
Dissertations
Clinical psychology
Women - Psychology
Violence
Crime against women
Genre
Drugs - Decriminalization
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Católica de Pernambuco
Sigla da instituição: UNICAP
Departamento: Departamento de Pós-Graduação
Programa: Mestrado em Psicologia Clínica
Citação: TERTO, Luisa de Marilak de Sousa. Corpos femininos e o uso de crack : experiência, modos de subjetivação e agenciamentos . 2019. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Católica de Pernambuco. Pró-Reitoria Acadêmica. Coordenação Geral de Pós-graduação. Mestrado em Psicologia Clínica, 2019.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1130
Data de defesa: 7-Mai-2019
Aparece nas coleções:Psicologia Clinica

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