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Tipo do documento: Dissertação
Título: Escrevivências clínicas: violência sexual na vida de meninas negras - um triplo trauma.
Autor: Machado, Lilian Paula de Souza Alves 
Primeiro orientador: Francisco, Ana Lúcia
Primeiro membro da banca: Barros, Paula Cristina Monteiro de
Segundo membro da banca: Menezes, Jaileila de Araújo
Resumo: Este trabalho, de início, intentou cartografar a experiência da violência sexual na infância - VSI de meninas negras e as ressonâncias em suas subjetividades. Para tanto, traçamos os seguintes objetivos específicos: 1. Delinear o lugar da mulher negra na sociedade e as formas de violência a elas dirigidas - especificamente a violência sexual, historicamente constituídas e legitimadas; 2. Propiciar um espaço de escuta para a expressão da experiência de violência sexual na infância de mulheres negras; e 3. Analisar os modos processuais de subjetivação das Mulheres Negras ante a experiência da violência sexual. Adotamos a concepção de subjetividade tal como proposta por Guattari e Rolnik, construída a partir de um campo de forças no qual o social, o político, o econômico, entre outros vetores, têm participação ativa. E, ainda, o de interseccionalidade, uma proposição do feminismo negro que concebe a indissociabilidade entre cis-hetero-patriarcado (heteronormatização e naturalização do poder do pai), racismo e capitalismo. Como abordagem, apoiamo-nos provisoriamente na esquizoanálise fazendo uso da cartografia como caminho metódico que privilegia o hódos - metá (o primado do caminhar que traça no percurso suas metas). Provisório pois, tomamos, também, os estudos de Frantz Fanon e suas contribuições para a reflexão do racismo, racialização e colonialismo. Inicialmente, especial atenção foi dada às três pistas da abordagem cartográfica: o estabelecimento de um ethos da confiança (experiência compartilhada e aumento da potência de agir); criação de uma zona de inter-esse; e o coletivo de forças como plano de experiência cartográfica. Para a escuta dos relatos de experiência, foram realizadas quatro (04) rodas de conversa em ambiente virtual, em manhãs consecutivas, aos domingos, que aconteceram a partir da solicitação de que nos contassem suas experiências. A rodas de conversa foram gravadas em áudio e registradas em diário de bordo e tornaram-se espaço de acolhimento, escuta, cuidado, legitimação, reconhecimento recíproco e campo de produção de dados. Conceituamos VSI como trauma sexual e, a partir dos planos de análises, no caso da perpetração contra meninas negras, compreendemos a articulação deste com o trauma colonial – racismo. E, ainda, uma tripla articulação – dos dois anteriores – com o trauma social. Pelos efeitos da relação do dentro-fora-dentro, observamos as ressonâncias inferidas por nossas colaboradoras e certos assentados subjetivos que apontam para a fixidez e enrijecimento que a tripla experiência traumática produziu e continua a produzir, não sendo possível delinear qual efeito é produzido por qual trauma. Compreendemos, ainda, que tais efeitos foram internalizadas agenciando modos de existência cindidos temporariamente de potência e que resvalam em seus modos de ser, de desejar, de pensar e de sonhar. Quando foi necessário, nossas colaboradoras foram encaminhadas para acompanhamento psicoterapêutico gratuito.
Abstract: This work, at first, intended to map the experience of sexual violence in childhood - VSI of black girls and the resonances in their subjectivities. To this end, we outlined the following specific objectives: 1. delineate the place of black women in society and the forms of violence directed to them - specifically sexual violence, historically constituted and legitimated; 2. provide a listening space for the expression of the experience of sexual violence in childhood of black women; and 3. Analyze the procedural modes of subjectivation of Black women in the face of the experience of sexual violence. We adopted the concept of subjectivity as proposed by Guattari and Rolnik, constructed from a field of forces in which the social, the political, and the economic, among other vectors, have an active participation. And, also, intersectionality, a proposition of black feminism that conceives the inextricability between cis-hetero-patriarchy (heteronormatization and naturalization of the father's power), racism, and capitalism. As an approach, we provisionally rely on schizoanalysis, making use of cartography as a methodical path that privileges the hódos - metá (the primacy of walking that traces its goals along the way). Provisional because we also took Frantz Fanon's studies and his contributions to the reflection on racism, racialization, and colonialism. Initially, special attention was given to three clues of the cartographic approach: the establishment of an ethos of trust (shared experience and increased potency to act); the creation of a zone of inter-interest; and the collective of forces as a plan of cartographic experience. In order to listen to the experience reports, four (04) conversation rounds were held in a virtual environment, on consecutive Sunday mornings, when they were asked to tell us about their experiences. The conversations were audio recorded and registered in a logbook and became a space for welcoming, listening, care, legitimization, mutual recognition, and a field for data production. We conceptualized VSI as sexual trauma and, from the analysis plans, in the case of perpetration against black girls, we understood its articulation with the colonial trauma - racism. And, also, a triple articulation - of the two previous ones - with the social trauma. Through the effects of the inside-outside-inside relationship, we observed the resonances inferred by our collaborators and certain subjective settlements that point to the fixity and hardening that the triple traumatic experience produced and continues to produce, not being possible to delineate which effect is produced by which trauma. We also understand that such effects have been internalized, agenciating modes of existence temporarily deprived of power and that have an effect on their ways of being, of desiring, of thinking, and of dreaming. When necessary, our collaborators were referred for free psychotherapeutic counseling.
Este trabajo, en un principio, pretendía cartografiar la experiencia de la violencia sexual en la infancia - VSI de las niñas negras y las resonancias en sus subjetividades. Para ello, trazamos los siguientes objetivos específicos: 1. Esbozar el lugar de las mujeres negras en la sociedad y las formas de violencia dirigidas a ellas - específicamente la violencia sexual, históricamente constituida y legitimada; 2. Proporcionar un espacio de escucha para la expresión de la experiencia de la violencia sexual en la infancia de las mujeres negras; 3. Analizar los modos procesales de subjetivación de las mujeres negras ante la experiencia de la violencia sexual. Adoptamos el concepto de subjetividad propuesto por Guattari y Rolnik, construido a partir de un campo de fuerzas en el que participan activamente lo social, lo político y lo económico, entre otros vectores. Y también el de la interseccionalidad, una propuesta del feminismo negro que concibe la inextricabilidad entre el cis-heteropatriarcado (heteronormatización y naturalización del poder del padre), el racismo y el capitalismo. Como enfoque, nos apoyamos provisionalmente en el esquizoanálisis, haciendo uso de la cartografía como camino metódico que privilegia el hódos - metá (la primacía del caminar que traza sus metas en el camino). Provisional porque también tomamos los estudios de Frantz Fanon y sus contribuciones a la reflexión del racismo, la racialización y el colonialismo. Inicialmente, se prestó especial atención a tres claves del enfoque cartográfico: el establecimiento de un ethos de confianza (experiencia compartida y mayor potencia para actuar); la creación de una zona de interés; y el colectivo de fuerzas como plan de experiencia cartográfica. Para escuchar los relatos de experiencias, se realizaron cuatro (04) rondas de conversación en un entorno virtual, en mañanas de domingo consecutivas, que tuvieron lugar después de que se les pidiera que nos contaran sus experiencias. Las conversaciones fueron grabadas en audio y registradas en un cuaderno de bitácora y se convirtieron en un espacio de acogida, escucha, atención, legitimación, reconocimiento recíproco y campo de producción de datos. Conceptualizamos la VSI como trauma sexual y, desde los planos de análisis, en el caso de la perpetración contra las niñas negras, entendemos su articulación con el trauma colonial - el racismo. Y, además, una triple articulación -de las dos anteriores- con el trauma social. A través de los efectos de la relación dentro-fuera-dentro, observamos las resonancias inferidas por nuestros colaboradores y ciertos asentamientos subjetivos que apuntan a la fijación y endurecimiento que la triple experiencia traumática produjo y sigue produciendo, no siendo posible delinear qué efecto es producido por qué trauma. También entendemos que tales efectos fueron interiorizados, agenciando modos de existencia temporalmente privados de poder y que recaen sobre sus modos de ser, de desear, de pensar y de soñar. Cuando fue necesario, nuestros colaboradores fueron derivados para un seguimiento psicoterapéutico gratuito.
Palavras-chave: Dissertações
Psicologia clínica
Mulheres negras
Vítimas de abuso sexual
Subjetividade
Dissertations
Clinical psychology
Black women
Victims of sexual abuse
Subjectivity
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Católica de Pernambuco
Sigla da instituição: UNICAP
Departamento: Departamento de Pós-Graduação
Programa: Mestrado em Psicologia Clínica
Citação: MACHADO, Lilian Paula de Souza Alves. Escrevivências clínicas : violência sexual na vida de meninas negras - um triplo trauma. 2021. 128 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP. Pró-reitoria Acadêmica. Coordenação Geral de Pós-graduação. Curso de Mestrado em Psicologia Clínica, 2021.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Endereço da licença: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
URI: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1547
Data de defesa: 20-Dez-2021
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