Exportar este item: EndNote BibTex

Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1713
Tipo do documento: Tese
Título: Clínica psicológica antirracista: uma nova episteme para uma psicologia brasileira decolonial.
Autor: Costa, Maria Conceição 
Primeiro orientador: Francisco, Ana Lúcia
Primeiro membro da banca: Santos, Elisabete Figueroa dos
Segundo membro da banca: Alves, Miriam Cristiane
Terceiro membro da banca: Amazonas, Maria Cristina Lopes de Almeida
Quarto membro da banca: Barros, Paula Cristina Monteiro de
Resumo: Esta tese busca problematizar a clínica psicológica numa perspectiva interseccional, querendo compreender limites e possibilidades desta clínica para o acolhimento de pessoas negras que reportaram ao racismo em suas narrativas. De forma específica, pretende-se compreender como o processo de construção do racismo brasileiro rebateria na clínica psicológica; descrever teorias e práticas antirracistas na clínica psicológica; compreender os modos como a clínica psicológica contempla as vozes racializadas. Os objetivos propostos direcionaram-se a refletir sobre o processo de construção do racismo estrutural brasileiro, o que exigiu uma postura interseccional, dado que este racismo expressou sua vertente profundamente discriminatória, o que causou a apartação da sociedade brasileira colocando as pessoas negras na condição de subalternas e pessoas brancas na condição de privilegiadas. Por consequência, estimulam-se construções e posições subjetivas racializadas da população negra e racistas da população branca, o que definiu o lugar e o não lugar dos sujeitos. Como caminho metodológico, utilizamos entrevistas narrativas realizadas com 6 mulheres negras, sendo três pacientes/clientes e três terapeutas (também mulheres negras) a partir das quais cartografamos suas trajetórias, buscando analisar suas situações de experiências clínicas, não exitosas para cliente/pacientes, devido a sua cor e como foram possíveis para as terapeutas. O percurso cartográfico pensado como um “caminhar” permitiu mapear os processos de experiências do racismo em uma perspectiva dos estudos da colonialidade, interseccionalidade e processo decolonial. Mais que um método, um posicionamento cartográfico guiou-nos na forma de realizar a pesquisa, entendendo-se esse processo como formulação de uma pesquisa interventiva. Esse estudo poderá contribuir com a construção de proposições que permitam a caracterização de um posicionamento ético-estético-político para uma clínica antirracista, bem como para indicativos voltados para uma episteme política dirigida à escuta dessas populações e das demandas de sofrimento psíquico por situações de racismo. Ser um sujeito negro no Brasil significa ser um não sujeito, ao passo que, por outro lado, a branquitude se reflete no absoluto lugar do todo, o qual não se dá conta da dor e sofrimento do outro, pois este outro pelo racismo é invisibilizado e por vezes negado e silenciado. Como resultados encontramos, a partir das narrativas e das produções teóricas levantadas, que podemos considerar que uma clínica antirracista é um conceito ainda faltante na psicologia brasileira, pois essa não reflete sobre o racismo, nem o seu (institucional) e nem o da sociedade (estrutural), como deveria. A clínica psicológica se constitui no cotidiano ainda alheia às questões raciais, quando podemos levar em conta que há uma clínica que nega o racismo. Entretanto, ponderamos que a exceção se dá com as psicólogas negras encontradas por nós, realizando tal prática na psicologia e na clínica há pelo menos 40 anos, sendo aqui tomadas como as clássicas da psicologia, pois fazem uma psicoterapia em uma ação que considera as narrativas sobre o racismo e os agravos do racismo à saúde mental. Apontamos que é preciso escutar essas autoras que discorreram a sobre a clínica a partir da leitura de Frantz Fanon, sendo autoras que definimos como as clássicas contra-hegemônicas, que trazem a fundamentação teórica dessa tese: Virgínia Bicudo, Neusa Santos, Lucia da Silva, Isildinha Baptista, Jesus Moura, as quais já fazem (e faziam) uma clínica antirracista, brasileira e descolonizada, portanto decolonial. Para um compromisso ético-político, é preciso incorporar na psicologia os conceitos de interseccionalidade (Caletiva Rio Combahee, krenshaw) e o princípio sociogênico (Fanon e Winter), para uma leitura crítica e transformadora dessa realidade social. Encontramos, a partir do conhecimento decolonial, que o caminho para a conceituação de uma clínica antirracista pressupõe um posicionamento ético – estético, político, portanto, em uma práxis. Pontuamos que a clínica antirracista não deverá ser realizada só por e para pessoas negras, mas por todas(os) as(os) profissionais que tenham consciência racial, levando em conta as(os) psicoterapeutas(os) negras(os) e letramento racial considerando as(os) terapeutas brancas(os).
Abstract: This thesis seeks to problematize the psychological clinic in an intersectional perspective, wanting to understand the limits and possibilities of this clinic for the reception of black people who reported racism in their narratives. Specifically, it is intended to understand how the construction process of Brazilian racism would rebound in the psychological clinic; describe anti-racist theories and practices in psychological clinic; understand the ways in which the psychological clinic contemplates racialized voices. The proposed objectives were directed to reflect on the construction process of Brazilian structural racism, which required an intersectional posture, given that this racism expressed its profoundly discriminatory aspect, which caused the separation of Brazilian society, placing black people in the condition of subaltern and privileged white people. Consequently, racialized constructions and subjective positions of the black population and racists of the white population are encouraged, which defined the place and non-place of the subjects. As a methodological path, we used narrative interviews with 6 black women, three patients/clients and three therapists (also black women) from which we mapped their trajectories, seeking to analyze their situations of clinical experiences, not successful for clients/patients, due to their color and how they were possible for the therapists. The cartographic route thought as a “walk” allowed mapping the processes of experiences of racism in a perspective of studies of coloniality, intersectionality and decolonial process. More than a method, a cartographic positioning guided us in the way of carrying out the research, understanding this process as the formulation of an interventional research. This study may contribute to the construction of propositions that allow the characterization of an ethical-aesthetic-political position for an anti-racist clinic, as well as to indications turned to a political episteme aimed at listening to these populations and the demands of psychological suffering due to situations of racism. Being a black subject in Brazil means being a non-subject, while, on the other hand, whiteness is reflected in the absolute place of the whole, which is not aware of the pain and suffering of the other, because this other is made invisible by racism and sometimes denied and silenced. As a result, we, based on the narratives and theoretical productions raised found, that we can consider that an anti-racist clinic is a concept that is still lacking in Brazilian psychology, as this does not reflect on racism, neither its (institutional) nor that of society (structural), as it should. The psychological clinic is constituted in everyday life still alien to racial issues, when we can take into account that there is a clinic that denies racism. However, we consider that the exception occurs with the black psychologists we found, carrying out this practice in psychology and in the clinic for at least 40 years, being considered here as the classics of psychology, as they perform psychotherapy in an action that considers the narratives on racism and the harms of racism to mental health. We point out that it is necessary to listen to these authors who spoke about the clinic based on the reading of Frantz Fanon, being authors that we define as the counter-hegemonic classics, who bring the theoretical foundation of this thesis: Virgínia Bicudo, Neusa Santos, Lucia da Silva , Isildinha Baptista, Jesus Moura, who already do (and did) an anti-racist clinic, Brazilian and decolonized, therefore decolonial. For an ethical-political commitment, it is necessary to incorporate in psychology the concepts of intersectionality (Caletiva Rio Combahee, krenshaw) and the sociogenic principle (Fanon and Wynter), for a critical and transforming reading of this social reality. We based on decolonial knowledge, found that the way to conceptualize an anti-racist clinic presupposes an ethical position – aesthetic, political, therefore, in a praxis. We point out that the anti-racist clinic should not be carried out only by and for black people, but by all professionals who are racially aware, taking into account black psychotherapists and racial literacy considering the white therapists.
Palavras-chave: Teses
Psicologia clínica
Psicologia - Brasil
Antirracismo
Theses
Clinical psychology
Psychology - Brazil
Anti-racism
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Católica de Pernambuco
Sigla da instituição: UNICAP
Departamento: Departamento de Pós-Graduação
Programa: Doutorado em Psicologia Clínica
Citação: COSTA, Maria Conceição. Clínica psicológica antirracista : uma nova episteme para uma psicologia brasileira decolonial. 2022. 230 f Tese (Doutorado) - Universidade Católica de Pernambuco. Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica. Doutorado em Psicologia Clínica, Recife 2022.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Endereço da licença: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/
URI: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1713
Data de defesa: 11-Nov-2022
Aparece nas coleções:Psicologia Clinica

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Ok_maria_conceicao_costa.pdfTese na íntegra2,87 MBAdobe PDFBaixar/Abrir Pré-Visualizar


Este item está licenciada sob uma Licença Creative Commons Creative Commons