Exportar este item: EndNote BibTex

Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1761
Tipo do documento: Tese
Título: Por uma clínica cartográfica do trabalho.
Autor: Bezerra, Maria de Lourdes Cordeiro de Araújo 
Primeiro orientador: Francisco, Ana Lúcia
Primeiro membro da banca: Barreto, Carmem Lúcia Brito Tavares
Segundo membro da banca: Cunha, Marisa Amorim Sampaio
Terceiro membro da banca: Mendes, Ana Magnólia Bezerra
Quarto membro da banca: Ferreira, João Batista de Oliveira
Resumo: O neoliberalismo tem produzido grandes mudanças na sociedade, engendrando determinados regimes de verdade e um novo ethos, uma nova estética da existência pautada pela competição generalizada e pelo ideário eu-empresa. No mundo do trabalho, essas mudanças, inicialmente bem evidentes no universo das empresas privadas, acabaram aportando no domínio das instituições públicas, ocasionando transformações nos modelos de gestão e, consequentemente, nos modos de subjetivação das(os) servidoras(es) públicas(os). Nesse cenário, paralelamente aos desafios que se colocam para o serviço público na atualidade, incluindo as tentativas de adesão às práticas de gestão afinadas com o neoliberalismo, deparamo-nos em um órgão do Poder Judiciário da União com o dado de maior incidência de afastamento das(os) servidoras(es) por motivo de doença, em número de dias, associado à CID F – categoria nosológica que reúne os transtornos classificados como mentais e comportamentais, de acordo com a CID-10. Na tentativa de compreender a situação, realizamos algumas ações vinculadas à unidade de saúde da instituição, que culminaram com a implantação de um serviço de escuta clínica de coletivos de trabalho. A pesquisa-intervenção objeto da presente tese se insere nesse contexto e foi realizada durante o ano de 2017, com um grupo de sete servidoras(es), com o qual fizemos nove sessões coletivas, contando ainda com mais seis encontros prévios, alguns desses com ocupantes de cargos de gestão ligadas(os) à unidade escutada. O estudo se fundamenta na cartografia como abordagem teórico-metodológica e teve como objetivo analisar essa experiência de pesquisa-intervenção, buscando compreender as ressonâncias decorrentes dessa prática clínica. Para tanto, procuramos examinar como o avanço do neoliberalismo impactou o mundo do trabalho, o Estado brasileiro e mais especificamente o sistema judiciário de nossa nação; mapear as pistas cartográficas que emergiram no percurso do trabalho; e compreender quais as contribuições do processo interventivo para a prevenção da saúde mental do coletivo participante, com repercussão no âmbito da instituição pesquisada. Como a cartografia não possui uma metodologia com etapas predeterminadas a nos guiar, sendo construída no próprio fazer cartográfico, seguimos pistas, pegadas, rastros que fomos encontrando na caminhada investigativa. A partir de algumas pistas cartográficas já conhecidas e no enredamento com elas, produzimos outras que indicaram: a direção da escuta e de outros passos a seguir em meio ao que foi se apresentando; a necessidade de mapear o caminho que nos constitui, de forma a não perder de vista a nossa historicidade; e a confirmação da cartografia como abordagem que porta uma dimensão ético-estético-política na escuta clínica do trabalho. Concluímos com a compreensão de que o trabalho realizado, tomando como perspectiva de fundamentação teórico-metodológica a abordagem cartográfica, pôde contribuir, entre outras coisas, para: possibilitar uma maior compreensão de que os constrangimentos no contexto laboral, em sua maioria, estavam relacionados à organização do trabalho e afetavam, de algum modo, toda a coletividade servidora da instituição; fortalecer a solidariedade no grupo; dar passagem a medos transgeracionais oriundos da situação de colonização que nos marcou a todas(os); propiciar a discussão e a produção de deliberações coletivas a respeito de questões do trabalho que afetavam o grupo; produzir implicação, ante a necessidade de nos situarmos frente a condições de opressão e de degradação da vida em seus vários matizes, que reverberam nas instituições. Assim, afirmamos que a escuta cartográfica de coletivos de trabalho, realizada por um grupo de clínicas na condição de iguais, pode produzir deslocamentos micropolíticos em favor da saúde mental dos coletivos escutados, com repercussão sobretudo na área da prevenção da saúde e ressonâncias na instituição pesquisada.
Abstract: Neoliberalism has produced major changes in society, engendering specific criteria of truth and a new ethos, a new aesthetics of existence guided by widespread competition and I-company ideology. These changes in the working world, initially very evident in private companies, ended up becoming a reality in government agencies, leading to changes in governance models and, therefore, in modes of subjectivation of public servants. In this context and in parallel with the challenges faced by public service nowadays, which include adherence to management practices in tune with neoliberalism, we deal with a situation in an agency of the Federal Judiciary Power in which the number of days of sick leaves has increased, these sick leaves being associated with ICD F – nosological category of behavioral and mental disorders. In an attempt to understand the situation, we endeavored some actions related to the health department of the agency, which culminated in the implementation of a clinical hearing of working communities inside the agency. The intervention-research, object of the present work, takes place in this context and was carried out in 2017 with a group of seven civil servants who carried out nine group sessions. Six previous sessions had been already carried out, some of them with management staff of the agency. The study is based in Cartography as a theoretical-methodological approach and aimed to analyze this intervention-research project in search of understanding the resulting resonances of this clinical practice. For this purpose, we tried to examine how the spread of neoliberalism has impacted the working world, the Brazilian State and, more specifically, our nation’s judicial system; to map the cartographic paths which emerged during the work; and understand what are the contributions of the interventional process for the prevention of mental health of the participant collective, with repercussions within the research institution. Since Cartography does not have a methodology with predetermined guiding steps, being developed throughout the process, we followed paths, clues, and footprints which were found throughout the investigation. From some previously known conceptual cartographic paths, as well as from their entanglements, we produced others which indicated: the direction of the hearing process and other steps to be followed from whatever stemmed in the course of the investigation; the necessity of mapping the path that constitutes us in a way that our historicity is not lost; also, to confirm Cartography as an approach which brings an ethical-aesthetical policy in the clinical hearing in the working environment. We concluded by understanding that the work, which was carried out through this theoretical-methodological perspective to Cartography, enabled among other things, to: a broader understanding that constraints in the labor context were related to the organization of work and somehow affected the whole working community; pave way to discussions and collective deliberations in relation to labor issues that affected the group; produce implications, in view of the need to take us assume a clear stand before oppressive conditions and life degradation in its various aspects, all of them reverberating in institutions. Thus, we sustain that clinical cartographical hearing of work groups, carried out by a collective of clinics in equal conditions, is able to produce micro-political shifts in favor of the mental health of the community subjected to the hearing process, reverberating, above all, in the health prevention area and resonances in the agency subject to the present research.
El neoliberalismo ha producido grandes cambios en la sociedad, engendrando determinados regímenes de verdad y un nuevo ethos, una nueva estética de la existencia guiada por la competencia generalizada y por el ideario yo-empresa. En el mundo del trabajo, esos cambios, inicialmente bien evidentes en el universo de las empresas privadas, terminaron en el dominio de las instituciones públicas, provocando transformaciones en los modelos de gestión y, consecuentemente, en los modos de subjetivación de las(os) servidoras(es) públicas(os). En ese escenario, en paralelo a los desafíos que enfrenta hoy el servicio público, incluyendo los intentos de incorporar prácticas de gestión en sintonía con el neoliberalismo, nos encontramos en un órgano del Poder Judicial de la Unión con el dato de mayor incidencia de ausentismo de las(os) servidoras(es) por enfermedad, en número de días, asociado a la CIE F, una categoría nosológica que reúne los trastornos clasificados como mentales y conductuales, según la CIE-10. En el intento por comprender la situación, realizamos algunas acciones vinculadas a la unidad de salud de la institución, que culminaron en la implementación de un servicio de escucha clínica de colectivos de trabajo. La investigación-intervención objeto de esta tesis se enmarca en este contexto y se llevó a cabo durante 2017, con un grupo de siete servidoras(es), con las(os) que realizamos nueve sesiones colectivas, contando también con seis reuniones previas más, algunas de ellas con ocupantes de jefaturas vinculadas a la unidad escuchada. El estudio se basa en la cartografía como abordaje teórico-metodológico y tuvo como objetivo analizar esa experiencia de investigación-intervención, buscando comprender las resonancias resultantes de esa práctica clínica. Con este fin, buscamos examinar cómo el avance del neoliberalismo impactó el mundo del trabajo, el Estado brasileño y más específicamente el sistema judicial de nuestra nación; mapear las pistas cartográficas que surgieron durante la trayectoria investigativa; y comprender cuáles son las contribuciones del proceso intervencionista en la prevención de la salud mental del colectivo participante, con repercusión en el ámbito de la institución investigada. Como la cartografía no tiene una metodología con pasos predeterminados para guiarnos, al ser construida en su propio hacer, seguimos pistas, huellas, rastros que fuimos encontrando en el proceso investigativo. A partir de algunas pistas cartográficas ya conocidas, y al envolvernos en ellas, producimos otras que indicaron; la dirección de la escucha y de otros pasos a seguir en medio de lo que se fue presentando; la necesidad de trazar el camino que nos constituye, para no perder de vista nuestra historia; y la confirmación de la cartografía como un enfoque que conlleva una dimensión ético-estética-política en la escucha clínica del trabajo. Concluimos con la comprensión de que el trabajo realizado, tomando como perspectiva de fundamentación teórico-metodológica el enfoque cartográfico, contribuyó, entre otras cosas, a: permitir una mayor comprensión de que los constreñimientos en el contexto laboral, en su mayoría, estaban relacionados con la organización del trabajo y afectaban, de alguna manera, a todas(os) las(os) servidoras(es) de la institución; fortalecer la solidaridad en el grupo; dar paso a los miedos transgeneracionales derivados de la situación de colonización que nos marcó a todas(os); propiciar la discusión y la producción de deliberaciones colectivas al respecto de cuestiones de trabajo que afectaban al grupo; producir implicación, ante la necesidad de situarnos frente a las condiciones de opresión y degradación de la vida en sus diversos matices, que reverberan en las instituciones. Así, afirmamos que la escucha cartográfica de colectivos de trabajo, llevada a cabo por un grupo responsable por la escucha clínica en condición de iguales, puede producir desplazamientos micropolíticos a favor de la salud mental de los colectivos escuchados, con repercusión sobre todo en el área de prevención de la salud y resonancias en la institución investigada.
Palavras-chave: Teses
Psicologia clínica
Psicologia social
Subjetividade
Trabalho - Aspectos psicológicos
Neoliberalismo
Poder judiciário
Theses
Clinical psychology
Social Psychology
Subjectivity
Work - Psychological aspects
Neoliberalism
Judicial power
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Católica de Pernambuco
Sigla da instituição: UNICAP
Departamento: Departamento de Pós-Graduação
Programa: Doutorado em Psicologia Clínica
Citação: BEZERRA, Maria de Lourdes Cordeiro de Araújo. Por uma clínica cartográfica do trabalho. 2023. 181 f Tese (Doutorado) - Universidade Católica de Pernambuco. Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica. Doutorado em Psicologia Clínica, Recife 2023.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1761
Data de defesa: 23-Fev-2023
Aparece nas coleções:Psicologia Clinica

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Ok_maria_lourdes_cordeiro_araujo_bezerra.pdfTese na íntegra1,12 MBAdobe PDFBaixar/Abrir Pré-Visualizar


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.