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Tipo do documento: Dissertação
Título: O canto que não cala: biossegurança e o direito à ritualização dos mortos.
Autor: Pereira, Dalva Chaves
Primeiro orientador: Amazonas, Maria Cristina Lopes de Almeida
Primeiro membro da banca: Barreto, Carmem Lúcia Brito Tavares
Segundo membro da banca: Carvalho, Bruno Robson de Barros
Resumo: A Pandemia do Novo Coronavírus teve início na Ásia e após uma escala de algumas semanas na Europa aterrissou no Brasil. Umas das primeiras pessoas a morrer de Covid-19 talvez nem tivesse passaporte, uma empregada doméstica negra que foi infectada pela patroa que chegava da Itália. A empregada doméstica negra não poderia fazer isolamento social, pedir comida pelo aplicativo, andar de táxi, teria que se infectar com a patroa, que chegou da Itália e não poderia ficar sem empregada. A doença que chegou ao Brasil pelos ricos mataria maciçamente os mais pobres. A pandemia trouxe um outro fenômeno, a não ritualização dos mortos. Compreender como se daria o luto de familiares de vítimas da Covid impedidos de realizar cerimonias fúnebres de despedida tornou-se o objetivo principal deste estudo. Para tanto, a abordagem qualitativa possibilitou uma investigação com novas e variadas perspectivas, permitindo um olhar sensível a fenômenos que não poderiam ser quantificados. Foi realizada uma ampla revisão bibliográfica sobre os campos conceituais de morte e luto, Covid e rituais, com os descritores: luto, cerimonial, “ritual fúnebre”, pandemia e “poder político”. Foram realizadas 12 entrevistas narrativas com pessoas que haviam perdido familiares vitimados pela Covid-19, em formato de videoconferência. Para o tratamento do material coletado foi usada a Análise de Discurso de inspiração foucaultiana, articulada a reflexões sobre morte e luto nos escritos de Phillipe Ariès principalmente, seguido pelas filósofas Hannah Arendt, Judith Butler, e os filósofos Michel Foucault e Achile Mbembe, nas abordagens da violência de Estado e o direito ao luto. Os resultados mostraram que a impossibilidade de ritualizar e participar de cerimônias póstumas foi mencionada pelos participantes como uma rotina geradora de grande sofrimento para a família. Os estudos que trataram a temática do luto incluem como fator de vital importância para o início do processo de luto, ver o corpo do familiar morto, constatando essa passagem. O estudo também mostrou que a adoção de políticas de gestão de enterros biosseguros devem ser desenvolvidas respeitando grupos e populações que possuem tradições que conservam práticas ancestrais de velamento, em especial os povos originários. Para Butler as políticas de violência e morte determinam quais corpos podem ou não serem chorados, e a pesquisa mostrou que as populações em maior vulnerabilidade social foram afetadas direta e irrestritamente pelos efeitos da pandemia. Para além do adoecimento, a falta de condições mínimas de proteção e cuidado contribuíram para um distanciamento ainda maior entre as condições socioeconômicas da população.
Abstract: The New Coronavirus Pandemic started in Asia and after a stopover of a few weeks in Europe landed in Brazil. One of the first people to die from Covid-19 may not even have had a passport, a black housemaid who was infected by her boss arriving from Italy. The black housemaid could not do social isolation, order food on the app, ride in cabs, she had to get infected by her mistress, who arrived from Italy and could not be without a maid. The disease that arrived in Brazil through the rich would massively kill the poorest. The pandemic brought another phenomenon, the non-ritualization of the dead. The main objective of this study was to understand how family members of Covid victims who were prevented from holding farewell funeral ceremonies would mourn. To this end, the qualitative approach enabled an investigation with new and varied perspectives, allowing a sensitive look at phenomena that could not be quantified. A broad bibliographic review was carried out about the conceptual fields of death and mourning, Covid and rituals, with the descriptors: mourning, ceremonial, "funeral ritual", pandemic and "political power". Twelve narrative interviews were conducted with people who had lost family members victimized by Covid-19, in videoconference format. For the treatment of the collected material, the Foucauldian-inspired Discourse Analysis was used, articulated with reflections on death and mourning in the writings of Phillipe Ariès mainly, followed by the philosophers Hannah Arendt, Judith Butler, and the philosophers Michel Foucault and Achile Mbembe, in the approaches to state violence and the right to mourn. The results showed that the impossibility of ritualizing and participating in posthumous ceremonies was mentioned by the participants as a routine that generates great suffering for the family. The studies that dealt with the theme of mourning include as a vitally important factor for the beginning of the mourning process, seeing the body of the deceased family member, verifying this passage. The study also showed that the adoption of biosafety burial management policies should be developed respecting groups and populations that have traditions that preserve ancestral burial practices, especially the native peoples. For Butler, the politics of violence and death determine which bodies can or cannot be mourned, and the research showed that populations in greater social vulnerability were directly and unrestrictedly affected by the effects of the pandemic. Besides getting sick, the lack of minimum conditions of protection and care contributed to an even greater distance between the socioeconomic conditions of the population.
La nueva pandemia de coronavirus comenzó en Asia y, tras una escala de unas semanas en Europa, aterrizó en Brasil. Una de las primeras personas en morir por Covid-19 puede que ni siquiera tuviera pasaporte, una empleada doméstica negra que fue infectada por su jefe llegado de Italia. La empleada doméstica negra no podía hacer aislamiento social, pedir comida en la aplicación, coger un taxi, tuvo que infectarse con su jefe, que llegó de Italia y no podía prescindir de una criada. La enfermedad que llegó a Brasil a través de los ricos mataría masivamente a los más pobres. La pandemia trajo otro fenómeno, la no ritualización de los muertos. El objetivo principal de este estudio era comprender cómo llevarían el luto las familias de las víctimas del Covid, impedidas de realizar ceremonias fúnebres de despedida. Para ello, el enfoque cualitativo posibilitó una investigación con nuevas y variadas perspectivas, permitiendo una mirada sensible a fenómenos que no podían ser cuantificados. Se realizó una amplia revisión bibliográfica sobre los campos conceptuales de muerte y duelo, Covid y rituales, con los descriptores: duelo, ceremonial, "ritual funerario", pandemia y "poder político". Se realizaron doce entrevistas narrativas a personas que habían perdido a familiares víctimas del Covid-19, en formato de videoconferencia. Para el tratamiento del material recogido, se utilizó el Análisis del Discurso de inspiración foucaultiana, articulado con las reflexiones sobre la muerte y el duelo en los escritos de Phillipe Ariès principalmente, seguido de las filósofas Hannah Arendt, Judith Butler, y los filósofos Michel Foucault y Achile Mbembe, en las aproximaciones a la violencia de Estado y el derecho al duelo. Los resultados mostraron que la imposibilidad de ritualizar y participar en ceremonias póstumas fue mencionada por los participantes como una rutina que genera gran sufrimiento para la familia. Los estudios que abordaron el tema del duelo incluyen como factor de vital importancia para el inicio del proceso de duelo, ver el cuerpo del familiar fallecido, constatando este pasaje. El estudio también mostró que la adopción de políticas de gestión de entierros bioseguros debe desarrollarse respetando a los grupos y poblaciones que tienen tradiciones que preservan prácticas ancestrales de velación, especialmente los pueblos originarios. Para Butler, las políticas de violencia y muerte determinan qué cuerpos pueden o no ser velados, y la investigación mostró que las poblaciones en mayor vulnerabilidad social fueron afectadas directa e irrestrictamente por los efectos de la pandemia. Más allá de la enfermedad, la falta de condiciones mínimas de protección y cuidado contribuyó a distanciar aún más las condiciones socioeconómicas de la población.
Palavras-chave: Dissertações
Luto - Aspectos psicológicos
Ritos e cerimônias fúnebres
Pandemias
COVID-19 (Doença)
Dissertations
Grief - Psychological aspects
Funeral rites and ceremonies
Pandemics
COVID-19 (Disease)
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Católica de Pernambuco
Sigla da instituição: UNICAP
Departamento: Departamento de Pós-Graduação
Programa: Mestrado em Psicologia Clínica
Citação: PEREIRA, Dalva Chaves. O canto que não cala : biossegurança e o direito à ritualização dos mortos. 2023. 117 f Mestrado (Dissertação) - Universidade Católica de Pernambuco. Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica. Mestrado Profissional em Psicologia Clínica, Recife 2023.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1770
Data de defesa: 24-Abr-2023
Aparece nas coleções:Psicologia Clinica

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