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http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/2028
Tipo do documento: | Tese |
Título: | Homeschooling, guerra cultural e teologia do domínio: as raízes fundamentalistas da educação domiciliar e sua recepção pelos protestantes no Brasil. |
Autor: | Silva, Jairo Rivaldo da ![]() |
Primeiro orientador: | Cabral, Newton Darwin de Andrade |
Resumo: | A tese visa responder quais são as motivações morais que levam famílias protestantes nos EUA e no Brasil a adotar o homeschooling. O caminho para uma possível resposta se inicia com a análise da origem do homeschooling protestante nos EUA (Cap. 1) e sua recepção pelos protestantes brasileiros (Cap. 2). Demonstra-se que as raízes do homeschooling protestante nos EUA estão profundamente ligadas ao fundamentalismo protestante do século XX e à ideia de uma “guerra cultural” (uma reação conservadora, incluindo cristãos e políticos de direita, contra as escolas públicas). Uma figura central nesse movimento foi o pastor fundamentalista, Rousas John Rushdoony, fundador da teologia do domínio, que argumentava que a educação é uma responsabilidade exclusiva dos pais, dada por Deus, e que o Estado não deveria interferir. Sua crítica à educação pública era fundamentalmente teológica, baseada no pressuposicionalismo de Cornelius Van Til. Rushdoony teve influência na legalização do homeschooling em vários estados americanos. Sobre a recepção pelos protestantes do Brasil, a tese aborda a recepção em duas acepções: ideológica e jurídica. A recepção ideológica é marcada pela incorporação da retórica da guerra cultural norte-americana, influenciada por missionários dos EUA, pelas redes sociais, por divulgadores como Olavo de Carvalho, e por editoras que traduziram obras como as de Rushdoony para o português. O lobby político de direita no Brasil também impulsionou a pauta do homeschooling. A recepção jurídica no Brasil demonstra que o homeschooling não tem previsão legal e foi considerado inconstitucional pelo STF em 2018. Contudo, a análise de casos judiciais específicos no Brasil identifica traços da guerra cultural norte-americana e motivações morais e religiosas nos argumentos de defesa dos pais. A tese também apresenta um contra-argumento histórico à alegação de que o homeschooling sempre foi o método de educação cristã. Contrariamente a essa tese, a pesquisa indica que cristãos na antiguidade frequentavam escolas públicas pagãs e, na Idade Média, escolas paroquiais ou episcopais ligadas à igreja. Martinho Lutero, figura central da Reforma Protestante, defendeu explicitamente a criação e manutenção de escolas públicas financiadas pelo Estado e a obrigatoriedade de frequência. Assim, a tese sugere que o homeschooling é uma inovação recente do protestantismo norte-americano e não uma prática histórica do cristianismo (Cap. 3). Finalmente, utiliza-se a Teoria dos Fundamentos Morais (TFM) do psicólogo social, Jonathan Haidt, para explicar as razões morais das famílias protestantes que optam pelo homeschooling. (Cap. 4). Aplicou-se um questionário com famílias protestantes homeschoolers no Brasil, que revelam que as motivações dos praticantes são predominantemente religiosas, morais e ideológicas (mais de 90%), com 100% das famílias entrevistadas se identificando com o espectro da direita política. Em conclusão, os resultados da pesquisa demonstram que a recepção do homeschooling pelos protestantes no Brasil reflete fortemente suas origens ideológicas e motivacionais nos EUA, enraizadas no fundamentalismo protestante, na teologia do domínio e na retórica da guerra cultural. Por tratar-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, foram utilizadas obras primárias e secundárias sobre o objeto da pesquisa. Além disso, a pesquisa usou um questionário pré-elaborado e anônimo, visando proteger a identidade dos praticantes, tendo em vista o status não regulamentado da prática no país. |
Abstract: | This thesis aims to answer the moral motivations that lead Protestant families in the United States and Brazil to adopt homeschooling. The path to a possible answer begins with an analysis of the origins of Protestant homeschooling in the United States (Chapter 1) and its reception by Brazilian Protestants (Chapter 2). It is demonstrated that the roots of Protestant homeschooling in the United States are deeply linked to 20th-century Protestant fundamentalism and the idea of a “culture war” (a conservative reaction, including Christians and right-wing politicians, against public schools). A central figure in this movement was the fundamentalist pastor Rousas John Rushdoony, founder of dominion theology, who argued that education is the exclusive responsibility of parents, given by God, and that the State should not interfere. His critique of public education was fundamentally theological, based on the presuppositionalism of Cornelius Van Til. Rushdoony was influential in the legalization of homeschooling in several American states. Regarding the reception by Protestants in Brazil, the thesis addresses the reception in two senses: ideological and legal. The ideological reception is marked by the incorporation of the rhetoric of the American culture war, influenced by missionaries from the USA, social media, promoters such as Olavo de Carvalho, and publishers who translated works such as Rushdoony's into Portuguese. The right-wing political lobby in Brazil also promoted the homeschooling agenda. The legal reception in Brazil shows that homeschooling has no legal provision and was considered unconstitutional by the Supreme Court in 2018. However, the analysis of specific legal cases in Brazil identifies traces of the American culture war and moral and religious motivations in the arguments defended by parents. The thesis also presents a historical counterargument to the claim that homeschooling has always been the method of Christian education. Contrary to this thesis, the research indicates that Christians in ancient times attended pagan public schools and, in the Middle Ages, parochial or episcopal schools linked to the church. Martin Luther, a central figure in the Protestant Reformation, explicitly advocated the creation and maintenance of state-funded public schools and mandatory attendance. Thus, the thesis suggests that homeschooling is a recent innovation in American Protestantism and not a historical practice of Christianity (Chapter 3). Finally, the thesis uses social psychologist Jonathan Haidt’s Moral Foundations Theory (MFT) to explain the moral reasons why Protestant families choose to homeschool (Chapter 4). A survey of Protestant homeschooling families in Brazil revealed that the motivations of homeschoolers are predominantly religious, moral, and ideological (more than 90%), with 100% of the families interviewed identifying with the political right. In conclusion, the results of the research demonstrate that the reception of homeschooling by Protestants in Brazil strongly reflects its ideological and motivational origins in the United States, rooted in Protestant fundamentalism, dominion theology, and culture war rhetoric. Since this is a bibliographical study, primary and secondary works on the subject of the research were used. In addition, the research used a pre-prepared and anonymous questionnaire, aiming to protect the identity of the practitioners, given the unregulated status of the practice in the country. La tesis pretende responder cuáles son las motivaciones morales que llevan a las familias protestantes de Estados Unidos y Brasil a adoptar la educación en casa. El camino hacia una posible respuesta comienza con un análisis de los orígenes de la educación en casa protestante en los EE.UU. (Capítulo 1) y su recepción por parte de los protestantes brasileños (Capítulo 2). Esto demuestra que las raíces de la educación en el hogar protestante en los EE. UU. están profundamente ligadas al fundamentalismo protestante del siglo XX y a la idea de una “guerra cultural” (una reacción conservadora, que incluye a cristianos y políticos de derecha, contra las escuelas públicas). Una figura central de este movimiento fue el pastor fundamentalista Rousas John Rushdoony, fundador de la teología del dominio, quien argumentó que la educación es responsabilidad exclusiva de los padres, dada por Dios, y que el Estado no debería interferir. Su crítica a la educación pública fue fundamentalmente teológica, basada en el presuposicionalismo de Cornelius Van Til. Rushdoony influyó en la legalización de la educación en el hogar en varios estados de Estados Unidos. Respecto a la recepción por parte de los protestantes en Brasil, la tesis aborda la recepción en dos sentidos: ideológico y jurídico. La recepción ideológica está marcada por la incorporación de la retórica de la guerra cultural norteamericana, influenciada por misioneros estadounidenses, redes sociales, divulgadores como Olavo de Carvalho y editores que tradujeron obras como la de Rushdoony al portugués. El lobby político de derecha en Brasil también impulsó la agenda de educación en casa. La recepción legal en Brasil muestra que la educación en casa no tiene previsión legal y fue considerada inconstitucional por el STF en 2018. Sin embargo, el análisis de casos judiciales específicos en Brasil identifica rastros de la guerra cultural norteamericana y de motivaciones morales y religiosas en los argumentos de defensa de los padres. La tesis también presenta un contraargumento histórico a la afirmación de que la educación en el hogar siempre ha sido el método cristiano de educación. Contrariamente a esta tesis, las investigaciones indican que los cristianos en la antigüedad asistían a escuelas públicas paganas y, en la Edad Media, a escuelas parroquiales o episcopales vinculadas a la Iglesia. Martín Lutero, figura central de la Reforma protestante, abogó explícitamente por la creación y el mantenimiento de escuelas públicas financiadas por el Estado y la asistencia obligatoria. Así, la tesis sugiere que la educación en el hogar es una innovación reciente en el protestantismo norteamericano y no una práctica histórica del cristianismo (Capítulo 3). Finalmente, se utiliza la Teoría de Fundamentos Morales (MFT) del psicólogo social Jonathan Haidt para explicar las razones morales por las que las familias protestantes eligen la educación en casa. (Cap. 4). Se aplicó un cuestionario a familias protestantes que educan en casa en Brasil, el cual reveló que las motivaciones de los practicantes son predominantemente religiosas, morales e ideológicas (más del 90%), identificándose el 100% de las familias entrevistadas con el espectro político de derecha. En conclusión, los resultados de la investigación demuestran que la recepción de la educación en el hogar por parte de los protestantes en Brasil refleja fuertemente sus orígenes ideológicos y motivacionales en los EE. UU., arraigados en el fundamentalismo protestante, la teología del dominio y la retórica de la guerra cultural. Al tratarse de una investigación bibliográfica, se utilizaron trabajos primarios y secundarios sobre el objeto de investigación. Además, la investigación utilizó un cuestionario prediseñado y anónimo, con el objetivo de proteger la identidad de los profesionales, dado el estatus no regulado de la práctica en el país. |
Palavras-chave: | Teses Igreja e problemas sociais Teologia Ensino básico domiciliar Fundamentalismo Protestantismo Theses Church and social problems Theology Homeschooling Fundamentalism Protestantism |
Área(s) do CNPq: | CIENCIAS HUMANAS::TEOLOGIA |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Instituição: | Universidade Católica de Pernambuco |
Sigla da instituição: | UNICAP |
Departamento: | Departamento de Pós-Graduação |
Programa: | Doutorado em Ciências da Religião |
Citação: | SILVA, Jairo Rivaldo da. Homeschooling, guerra cultural e teologia do domínio: as raízes fundamentalistas da educação domiciliar e sua recepção pelos protestantes no Brasil. 2025. 141 f. Tese (Doutorado) - Universidade Católica de Pernambuco. Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião. Doutorado em Ciências da Religião, Recife, 2025. |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
URI: | http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/2028 |
Data de defesa: | 20-Mar-2025 |
Aparece nas coleções: | Ciencias da Religiao |
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Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
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