@MASTERSTHESIS{ 2019:62323984, title = {Corpos femininos e o uso de crack: experiência, modos de subjetivação e agenciamentos.}, year = {2019}, url = "http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1130", abstract = "Em função de sua natureza multifatorial, a dependência química requer abordagens de cuidados amplos, integrados e diferenciados e, pensando nisso, o presente estudo objetivou compreender a experiência de vida de mulheres usuárias de crack na contemporaneidade. É de fundamental relevância aprofundar o entendimento de diversos modos de subjetivação feminino para se pensar práticas de acolhimento que levem em consideração o contexto e as demandas das mulheres que usam crack. Neste sentido, este estudo se caracteriza como uma pesquisa de natureza qualitativa em que foram entrevistadas, individualmente, sete mulheres, na faixa etária dos 28 aos 37 anos de idade, todas do estado de Pernambuco, Brasil. Utilizou-se como método de construção dos dados a História de Vida (HV). Optou-se por fazer uso de uma entrevista narrativa e também o uso de um Diário de Campo, em que foram registradas diversas vivências, observações e reflexões construídas ao longo do processo de produção dos dados. Como estratégia de análise, lançou-se mão da analítica discursiva de inspiração foucaultiana. As narrativas das mulheres entrevistadas apontam que é impossível compreender o fenômeno do crack sem ter um olhar sobre o contexto sociocultural e histórico dos sujeitos. O uso da categoria analítica do gênero é de extrema relevância para a compreensão não só dos processos orgânicos e fisiológicos, como também, dos discursos e saberes que entrelaçam a vivência dessas mulheres enquanto usuárias de crack. Observou-se que nos processos de reconhecimento de identidades, são inscritos ao mesmo tempo as atribuições de diferenças, que implicam instituições de desigualdades, de hierarquias estabelecidas imbricados nas redes de poder que circulam em uma sociedade. A sociedade ao classificar os sujeitos, os divide atribuindo rótulos com a pretensão de fixar as identidades, definindo, separando e de diversas formas distinguindo e discriminando. Isso é o que ocorre em nossa sociedade, principalmente com as mulheres usuárias de crack, Em um contexto social amplo, certos comportamentos e práticas são estimulados para homens e inibidos para mulheres e as normas de gênero a serem transmitidas, a partir da socialização, reproduzem discursos hegemônicos sobre o que é ser uma mulher em uma sociedade que inviabilizam o olhar para as mulheres usuárias de crack e traz uma problemática imensurável a essa parte da população que fica às margens da exclusão social. Elas são desassistidas pelas políticas públicas em geral, são consideradas pelo poder como desimportantes e como vidas que deveriam ser corrigidas ou que não mereciam ser vividas, “corpos abjetos”. Conclui-se que, o discurso sobre “o ser mulher” atua sobre elas produzindo modos de se relacionar, de ser num processo de subjetivação agenciado por estratégias políticas, normativas e culturais, no entanto, a experiência de vida de mulheres usuárias de crack na contemporaneidade se caracteriza como um fenômeno complexo e não passível de explicações causais e simplórias. O sujeito que aqui se apresenta é ativo no seu processo de subjetivação, produzindo modos de resistência e de subversão que tencionam o poder disciplinador do discurso sobre a mulher que usa drogas.", publisher = {Universidade Católica de Pernambuco}, scholl = {Mestrado em Psicologia Clínica}, note = {Departamento de Pós-Graduação} }