@MASTERSTHESIS{ 2021:1271881768, title = {A depressão como marca do mal-estar contemporâneo e sua relação com a experiência do tempo e da transitoriedade.}, year = {2021}, url = "http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1463", abstract = "A depressão parece representar, na contemporaneidade, uma das formas hegemônicas de sofrimento psíquico. Dados da OMS de 2018 mostram que, em todo o mundo, são mais de 300 milhões de pessoas, de todas as faixas etárias, em depressão. No presente estudo, destacamos a importância, para além da perspectiva psicopatológica, de situar o discurso sobre a depressão no campo psicanalítico, a partir de um paradigma ético e político, sobre a verdade do sujeito. Diante disso, o objetivo geral desta dissertação de mestrado foi investigar a depressão enquanto marca do mal-estar contemporâneo e sua relação com as experiências do tempo e da transitoriedade. O motor para essa reflexão foi a escuta de Esther Greenwood, personagem do romance A redoma de vidro, obra publicada em 1963, pela autora Sylvia Plath. Diante desse material, o recurso metodológico desta pesquisa foi a construção do caso clínico, visando os elementos de real que despontam na experiência e que colocam em questão o objetivo proposto, permitindo uma articulação teórica com o que a literatura apresenta, principalmente nas figuras de Freud e Lacan, além de outros autores contemporâneos. A história de Esther nos permitiu apontar a depressão como um condensador do mal-estar atual, permitindo entrever questões fundamentais da condição humana, a exemplo da verdade subjetiva, da perda, do suicídio, do desamparo. Constatou-se que a depressão, tal como a melancolia na época de Freud, tem um papel de revelação de questões centrais. Também se observou como os sujeitos deprimidos apresentam-se como resistentes, ao mesmo tempo que produto, da racionalidade neoliberal vigente, que, impondo à subjetividade o modelo empresarial, promove um processo de gestão do sofrimento psíquico. Como um resto da operação, o sujeito deprimido parece se apresentar numa posição contrária, até mesmo insurgente, diante dos imperativos de gozo da pressa e da produtividade, experimentando uma temporalidade própria, marcada por uma rejeição à corrida pelo autoaperfeiçoamento. Consideramos que a experiência com a vida e a morte nesses sujeitos também se mostra contracorrente, uma vez que o sujeito deprimido, em seus discursos, expõe a finitude, a transitoriedade de todas as coisas, a morte enquanto horizonte possível, levando essa questão, muitas vezes, para o campo ético sobre o sentido último da existência. Por fim, o que se conclui é que a depressão aparece como um resto, ou até mesmo um efeito, da subjetivação vigente, ao mesmo tempo em que revela a impossibilidade dessa racionalidade de dar conta do que é demasiadamente humano, isto é, o ponto mais íntimo de cada um, lugar onde os imperativos cedem e onde a escuta é demandada.", publisher = {Universidade Católica de Pernambuco}, scholl = {Mestrado em Psicologia Clínica}, note = {Departamento de Pós-Graduação} }