@PHDTHESIS{ 2022:2050887488, title = {Clínica psicológica antirracista: uma nova episteme para uma psicologia brasileira decolonial.}, year = {2022}, url = "http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1713", abstract = "Esta tese busca problematizar a clínica psicológica numa perspectiva interseccional, querendo compreender limites e possibilidades desta clínica para o acolhimento de pessoas negras que reportaram ao racismo em suas narrativas. De forma específica, pretende-se compreender como o processo de construção do racismo brasileiro rebateria na clínica psicológica; descrever teorias e práticas antirracistas na clínica psicológica; compreender os modos como a clínica psicológica contempla as vozes racializadas. Os objetivos propostos direcionaram-se a refletir sobre o processo de construção do racismo estrutural brasileiro, o que exigiu uma postura interseccional, dado que este racismo expressou sua vertente profundamente discriminatória, o que causou a apartação da sociedade brasileira colocando as pessoas negras na condição de subalternas e pessoas brancas na condição de privilegiadas. Por consequência, estimulam-se construções e posições subjetivas racializadas da população negra e racistas da população branca, o que definiu o lugar e o não lugar dos sujeitos. Como caminho metodológico, utilizamos entrevistas narrativas realizadas com 6 mulheres negras, sendo três pacientes/clientes e três terapeutas (também mulheres negras) a partir das quais cartografamos suas trajetórias, buscando analisar suas situações de experiências clínicas, não exitosas para cliente/pacientes, devido a sua cor e como foram possíveis para as terapeutas. O percurso cartográfico pensado como um “caminhar” permitiu mapear os processos de experiências do racismo em uma perspectiva dos estudos da colonialidade, interseccionalidade e processo decolonial. Mais que um método, um posicionamento cartográfico guiou-nos na forma de realizar a pesquisa, entendendo-se esse processo como formulação de uma pesquisa interventiva. Esse estudo poderá contribuir com a construção de proposições que permitam a caracterização de um posicionamento ético-estético-político para uma clínica antirracista, bem como para indicativos voltados para uma episteme política dirigida à escuta dessas populações e das demandas de sofrimento psíquico por situações de racismo. Ser um sujeito negro no Brasil significa ser um não sujeito, ao passo que, por outro lado, a branquitude se reflete no absoluto lugar do todo, o qual não se dá conta da dor e sofrimento do outro, pois este outro pelo racismo é invisibilizado e por vezes negado e silenciado. Como resultados encontramos, a partir das narrativas e das produções teóricas levantadas, que podemos considerar que uma clínica antirracista é um conceito ainda faltante na psicologia brasileira, pois essa não reflete sobre o racismo, nem o seu (institucional) e nem o da sociedade (estrutural), como deveria. A clínica psicológica se constitui no cotidiano ainda alheia às questões raciais, quando podemos levar em conta que há uma clínica que nega o racismo. Entretanto, ponderamos que a exceção se dá com as psicólogas negras encontradas por nós, realizando tal prática na psicologia e na clínica há pelo menos 40 anos, sendo aqui tomadas como as clássicas da psicologia, pois fazem uma psicoterapia em uma ação que considera as narrativas sobre o racismo e os agravos do racismo à saúde mental. Apontamos que é preciso escutar essas autoras que discorreram a sobre a clínica a partir da leitura de Frantz Fanon, sendo autoras que definimos como as clássicas contra-hegemônicas, que trazem a fundamentação teórica dessa tese: Virgínia Bicudo, Neusa Santos, Lucia da Silva, Isildinha Baptista, Jesus Moura, as quais já fazem (e faziam) uma clínica antirracista, brasileira e descolonizada, portanto decolonial. Para um compromisso ético-político, é preciso incorporar na psicologia os conceitos de interseccionalidade (Caletiva Rio Combahee, krenshaw) e o princípio sociogênico (Fanon e Winter), para uma leitura crítica e transformadora dessa realidade social. Encontramos, a partir do conhecimento decolonial, que o caminho para a conceituação de uma clínica antirracista pressupõe um posicionamento ético – estético, político, portanto, em uma práxis. Pontuamos que a clínica antirracista não deverá ser realizada só por e para pessoas negras, mas por todas(os) as(os) profissionais que tenham consciência racial, levando em conta as(os) psicoterapeutas(os) negras(os) e letramento racial considerando as(os) terapeutas brancas(os).", publisher = {Universidade Católica de Pernambuco}, scholl = {Doutorado em Psicologia Clínica}, note = {Departamento de Pós-Graduação} }