@MASTERSTHESIS{ 2023:1406182074, title = {O canto que não cala: biossegurança e o direito à ritualização dos mortos.}, year = {2023}, url = "http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1770", abstract = "A Pandemia do Novo Coronavírus teve início na Ásia e após uma escala de algumas semanas na Europa aterrissou no Brasil. Umas das primeiras pessoas a morrer de Covid-19 talvez nem tivesse passaporte, uma empregada doméstica negra que foi infectada pela patroa que chegava da Itália. A empregada doméstica negra não poderia fazer isolamento social, pedir comida pelo aplicativo, andar de táxi, teria que se infectar com a patroa, que chegou da Itália e não poderia ficar sem empregada. A doença que chegou ao Brasil pelos ricos mataria maciçamente os mais pobres. A pandemia trouxe um outro fenômeno, a não ritualização dos mortos. Compreender como se daria o luto de familiares de vítimas da Covid impedidos de realizar cerimonias fúnebres de despedida tornou-se o objetivo principal deste estudo. Para tanto, a abordagem qualitativa possibilitou uma investigação com novas e variadas perspectivas, permitindo um olhar sensível a fenômenos que não poderiam ser quantificados. Foi realizada uma ampla revisão bibliográfica sobre os campos conceituais de morte e luto, Covid e rituais, com os descritores: luto, cerimonial, “ritual fúnebre”, pandemia e “poder político”. Foram realizadas 12 entrevistas narrativas com pessoas que haviam perdido familiares vitimados pela Covid-19, em formato de videoconferência. Para o tratamento do material coletado foi usada a Análise de Discurso de inspiração foucaultiana, articulada a reflexões sobre morte e luto nos escritos de Phillipe Ariès principalmente, seguido pelas filósofas Hannah Arendt, Judith Butler, e os filósofos Michel Foucault e Achile Mbembe, nas abordagens da violência de Estado e o direito ao luto. Os resultados mostraram que a impossibilidade de ritualizar e participar de cerimônias póstumas foi mencionada pelos participantes como uma rotina geradora de grande sofrimento para a família. Os estudos que trataram a temática do luto incluem como fator de vital importância para o início do processo de luto, ver o corpo do familiar morto, constatando essa passagem. O estudo também mostrou que a adoção de políticas de gestão de enterros biosseguros devem ser desenvolvidas respeitando grupos e populações que possuem tradições que conservam práticas ancestrais de velamento, em especial os povos originários. Para Butler as políticas de violência e morte determinam quais corpos podem ou não serem chorados, e a pesquisa mostrou que as populações em maior vulnerabilidade social foram afetadas direta e irrestritamente pelos efeitos da pandemia. Para além do adoecimento, a falta de condições mínimas de proteção e cuidado contribuíram para um distanciamento ainda maior entre as condições socioeconômicas da população.", publisher = {Universidade Católica de Pernambuco}, scholl = {Mestrado em Psicologia Clínica}, note = {Departamento de Pós-Graduação} }