@PHDTHESIS{ 2025:1394476060, title = {Homeschooling, guerra cultural e teologia do domínio: as raízes fundamentalistas da educação domiciliar e sua recepção pelos protestantes no Brasil.}, year = {2025}, url = "http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/2028", abstract = "A tese visa responder quais são as motivações morais que levam famílias protestantes nos EUA e no Brasil a adotar o homeschooling. O caminho para uma possível resposta se inicia com a análise da origem do homeschooling protestante nos EUA (Cap. 1) e sua recepção pelos protestantes brasileiros (Cap. 2). Demonstra-se que as raízes do homeschooling protestante nos EUA estão profundamente ligadas ao fundamentalismo protestante do século XX e à ideia de uma “guerra cultural” (uma reação conservadora, incluindo cristãos e políticos de direita, contra as escolas públicas). Uma figura central nesse movimento foi o pastor fundamentalista, Rousas John Rushdoony, fundador da teologia do domínio, que argumentava que a educação é uma responsabilidade exclusiva dos pais, dada por Deus, e que o Estado não deveria interferir. Sua crítica à educação pública era fundamentalmente teológica, baseada no pressuposicionalismo de Cornelius Van Til. Rushdoony teve influência na legalização do homeschooling em vários estados americanos. Sobre a recepção pelos protestantes do Brasil, a tese aborda a recepção em duas acepções: ideológica e jurídica. A recepção ideológica é marcada pela incorporação da retórica da guerra cultural norte-americana, influenciada por missionários dos EUA, pelas redes sociais, por divulgadores como Olavo de Carvalho, e por editoras que traduziram obras como as de Rushdoony para o português. O lobby político de direita no Brasil também impulsionou a pauta do homeschooling. A recepção jurídica no Brasil demonstra que o homeschooling não tem previsão legal e foi considerado inconstitucional pelo STF em 2018. Contudo, a análise de casos judiciais específicos no Brasil identifica traços da guerra cultural norte-americana e motivações morais e religiosas nos argumentos de defesa dos pais. A tese também apresenta um contra-argumento histórico à alegação de que o homeschooling sempre foi o método de educação cristã. Contrariamente a essa tese, a pesquisa indica que cristãos na antiguidade frequentavam escolas públicas pagãs e, na Idade Média, escolas paroquiais ou episcopais ligadas à igreja. Martinho Lutero, figura central da Reforma Protestante, defendeu explicitamente a criação e manutenção de escolas públicas financiadas pelo Estado e a obrigatoriedade de frequência. Assim, a tese sugere que o homeschooling é uma inovação recente do protestantismo norte-americano e não uma prática histórica do cristianismo (Cap. 3). Finalmente, utiliza-se a Teoria dos Fundamentos Morais (TFM) do psicólogo social, Jonathan Haidt, para explicar as razões morais das famílias protestantes que optam pelo homeschooling. (Cap. 4). Aplicou-se um questionário com famílias protestantes homeschoolers no Brasil, que revelam que as motivações dos praticantes são predominantemente religiosas, morais e ideológicas (mais de 90%), com 100% das famílias entrevistadas se identificando com o espectro da direita política. Em conclusão, os resultados da pesquisa demonstram que a recepção do homeschooling pelos protestantes no Brasil reflete fortemente suas origens ideológicas e motivacionais nos EUA, enraizadas no fundamentalismo protestante, na teologia do domínio e na retórica da guerra cultural. Por tratar-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, foram utilizadas obras primárias e secundárias sobre o objeto da pesquisa. Além disso, a pesquisa usou um questionário pré-elaborado e anônimo, visando proteger a identidade dos praticantes, tendo em vista o status não regulamentado da prática no país.", publisher = {Universidade Católica de Pernambuco}, scholl = {Doutorado em Ciências da Religião}, note = {Departamento de Pós-Graduação} }