@PHDTHESIS{ 2018:1129559552, title = {Sujeitos com câncer de próstata: gênero, sexualidade e cuidados com a saúde}, year = {2018}, url = "http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1047", abstract = "O objetivo desta tese foi problematizar como os homens se subjetivam tendo câncer de próstata sendo atravessados por diferentes discursos de verdade sobre a masculinidade. Para isso, realizou-se uma pesquisa empírica qualitativa, com onze sujeitos diagnosticados com esse tipo de câncer e que estavam utilizando os serviços de urologia de dois hospitais: um particular e um da rede pública da cidade do Recife. Utilizaram-se alguns recursos etnográficos, a partir dos seguintes instrumentos: a Entrevista Narrativa e o Diário de Campo. Os resultados foram analisados por meio da Análise Enunciativa ou Discursiva de Foucault, a qual visa compreender um conjunto de condições de existência que possibilitam a construção de um dado fenômeno. Este autor problematizava seus objetos de estudo, a partir das condições históricas em que eles emergiam e compreendia o sujeito como habitante atravessado pelas relações de saber, poder e da ética de um momento histórico. Trabalhou-se, nesta tese, com o conceito de masculinidade hegemônica, considerando-a um discurso, de acordo com Foucault, que o considera um conjunto de saberes que funcionam como verdades. Os resultados deste estudo apontam para uma tênue linha entre sujeição e resistência aos discursos que circulam em nossa sociedade, no modo como estes homens se constituem e nas posições de sujeito que assumem. Quando se trata dos cuidados com a saúde, nossos entrevistados assumem posições de sujeito dependentes de suas mulheres, atravessados pelos discursos de que é da “natureza” da mulher cuidar de maridos e filhos. Por outro lado, o discurso do homem forte é usado para embasar a posição de dominação masculina sobre o feminino. Discursos sobre o que lhes é permitido fazer para serem considerados “machos”, levam estes homens a não querer realizar o exame de toque retal. Narram o receio de, ao fazer tal exame, ficarem “acostumados”, o que é associado à homossexualidade. Porém, os discursos que circulam em uma sociedade, e a nossa não é exceção, são múltiplos e quase sempre, contraditórios. A presença de programas que incentivam os cuidados com a saúde do homem, PNAISH e a Campanha Novembro Azul, convocam os homens à autovigilância, e configuram controle e poder sobre suas vidas (biopoder e biopolíticas). Estes discursos emergem como imperativos na construção de uma cultura de cuidados com a saúde e, desta forma, outras posições de sujeito, aparentemente contraditórias, são assumidas, é “obrigatório” cuidar da saúde e ser saudável. Além disso, quando a orientação médica é a de não praticar sexo, leva-os a um entendimento reducionista da sexualidade humana, sexo é entendido apenas como o coito. Isso aponta para uma sexualidade vigiada, normatizada e controlada, “verdades” impostas por saberes diversos, sem problematização desses discursos. Por fim, percebeu-se que, apesar do câncer ser, culturalmente, uma doença estigmatizada associada à morte, foi possível, para alguns desses homens, resistir, não somente acreditando na possibilidade de cura, mas construindo outros modos de existir, uma estética da existência mais própria.", publisher = {Universidade Católica de Pernambuco}, scholl = {Doutorado em Psicologia Clínica}, note = {Departamento de Pós-Graduação} }