@MASTERSTHESIS{ 2019:1272880189, title = {Relação mãe-bebê no contexto do estrabismo: significados maternos e reflexos na construção subjetiva infantil.}, year = {2019}, url = "http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1154", abstract = "A Psicanálise considera que a interação está no fundamento da subjetivação. Por meio do olhar materno, expressão do seu desejo, perpassado pela função paterna, a criança se constitui como sujeito. O olhar tem função antecipatória na organização do eu, pois o rosto da mãe funciona como reflexo para a imagem do filho. Ao olhar o bebê, a mãe oferta-lhe a possibilidade de existir, pois supõe um sujeito, estabelecendo a função de reconhecimento, atribuindo-lhe algo seu, de sua linhagem e filiação. Diante de uma dificuldade real, a de alinhar a visão, como a construção do olhar parece ser afetada? Com base nesse questionamento, buscou-se nesta pesquisa compreender vicissitudes da interação entre mãe e bebê no contexto do estrabismo. Mais especificamente, visou-se compreender os significados maternos diante da relação mãe-filho e do estrabismo; caracterizar a interação entre mãe e bebê; analisar essa relação no contexto do estrabismo (considerando-se os outros que entram nesse contexto: família, profissionais de saúde, como o pediatra e o oftalmologista, a interação da díade com esses e afetada por esses). Foram abordadas cinco duplas de mães com seus bebês estrábicos, com idades entre seis e 12 meses, indicados por médicos oftalmologistas, e desenvolvidas entrevistas semiestruturadas com as mães. A construção do corpus e a análise levaram em consideração o material explícito advindo das entrevistas, contextualizadas pelas anotações do diário de campo. Também foram utilizados na análise os eixos teórico-práticos do IRDI (Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil). Foi empregada a análise de conteúdo na modalidade temática, elegendo-se três temas representativos: 1) A construção da maternidade na adversidade; 2) Os olhares/não olhares para a mãe e o bebê; e 3) Um bebê para além dos olhos. Nos cinco casos abordados, foram as mães que apontaram para a alteração visual, percebida, sobretudo, ao longo da amamentação. Apesar do impacto psíquico diante da alteração visual, a maioria das mães não se paralisou diante da angústia e buscou apoio, criando significados à situação vivenciada. As mães, mobilizadas e implicadas por sentimentos de culpa, medo, frustração e ansiedade, experienciados diante do diagnóstico, atribuiram significados negativos ao estrabismo. A despeito desses, aparentemente tiveram pouco espaço de escuta junto à rede assistencial, sobretudo dos pediatras. Ainda que esse olhar estivesse voltado às alterações fisiológicas da alteração ocular, as mulheres se sentiram acolhidas, aliviadas por saberem que não eram culpadas pela alteração oftalmológica, o que as auxiliou a olharem para seus filhos com esperança e aceitação. Em todos os casos, os indicadores do IRDI específicos para a faixa etária e sugestivos de saúde psíquica estavam presentes, pois os bebês pareciam se desenvolver satisfatoriamente em suas interações primordiais. Com base numa das díades analisadas, a pesquisa suscitou novos questionamentos: mais que uma contingência, estaria o estrabismo relacionado a uma dificuldade de ordem psíquica daquele que agencia a especularização? Poderíamos reconhecer a possibilidade, em alguns casos, de o estrabismo aparecer como sintoma, resposta velada à angústia da mulher/ do casal/ da família, talvez associado a um desejo cindido? Há que se valorizar marcadores subjetivos e intersubjetivos na compreensão do estrabismo, evitando reduzir este aos seus aspectos biológicos, voltando- se para a construção psíquica do olhar, ainda que na falha da função de órgão.", publisher = {Universidade Católica de Pernambuco}, scholl = {Mestrado em Psicologia Clínica}, note = {Departamento de Pós-Graduação} }