@PHDTHESIS{ 2021:1777064815, title = {Entre leis e classificações patológicas: espiritismo nos prontuários psiquiátricos do Hospital de Alienados em Pernambuco.}, year = {2021}, url = "http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1398", abstract = "Esta tese teve por objetivo analisar como a mediunidade espírita perpassou a atividade psiquiátrica pernambucana exercida no Hospital de Alienados até o final da década de 1930. Para atingirmos tal propósito, procuramos historiar o Espiritismo e verificar como o Recife acomodou o hospício, dispositivo normativo para a loucura; compreender o imbricamento entre psiquiatria, Espiritismo e legislação no período da pós-república; entender como o processo de classificação psicopatológica catalogou os fenômenos mediúnicos; e analisar os prontuários psiquiátricos de pacientes envolvidos com o Espiritismo no Hospital de Alienados. Para tanto, recorreu-se teoricamente a Michel Foucault, sobre a normatização e, consequente, exclusão dos considerados anormais, no caso, os espíritas, além de SCOTON (2007), GUARNIERI (2001), GONÇALVES (2010), NASCIMENTO (2014), SOARES (2010), todos estudiosos de Ciências da Religião, e GIUMBELLI (1997), CAMPOS, (2001), SÁ (2001), entre outros que se debruçaram sobre o Kardecismo e o “baixo espiritismo”. Nesse sentido, a metodologia adotada foi a qualitativa de análise do discurso, em que a classificação psicopatológica da psiquiatria moderna abordou as manifestações mediúnicas e as enquadrou em processos sintomáticos e diagnósticos clínicos. Para isso, foi realizado um levantamento documental nos arquivos pernambucanos, leituras de trabalhos referentes à temática e fotografia dessas fontes. Outro ponto abordado foi como a legislação brasileira pós-república tratou questões ligadas à religião, ao ordenamento do espaço manicomial e determinou o perfil da loucura. A fonte primária que ancorou este estudo abrange os periódicos pernambucanos, como A Província e Diário de Pernambuco, como também os prontuários psiquiátricos do Hospital de Alienados, entre os anos de 1920 e 1930. Entre os resultados encontrados, temos a elaboração de uma anamnese “informal” pelos psiquiatras pernambucanos, a qual questionava o paciente sobre sua vivência no Espiritismo e, assim, colocando essa religião como “sintoma” neuropatológico. Verificamos também que o diagnóstico “delírio episódico (Espiritismo)” já era utilizado no manicômio desde 1932, divergindo dos estudos anteriores, os quais defenderam que esse diagnóstico foi apresentado nacionalmente em 1936. Além desses itens, percebemos que os pacientes espíritas não eram internados após uma crise nervosa, como ocorria com os demais, mas apresentavamse calmos na primeira entrada, o que nos leva a entender que a causa de sua condução ao tratamento psiquiátrico se dava pelos “sintomas” decorrentes da mediunidade, como alucinações audiovisuais ou pelo fato de ser médium. Nesse cenário, características religiosas relacionadas à mediunidade espírita foram tratadas como processos sintomáticos e, consequentemente, o Espiritismo foi atribuído como diagnóstico, divergindo das classificações neuropatológicas internacionais e adotadas na época. Marginalizou-se o Espiritismo pernambucano, usando-se como justificativa a política de saúde pública mental, em que a loucura espírita estava associada a um tipo de degeneração moral.", publisher = {Universidade Católica de Pernambuco}, scholl = {Doutorado em Ciências da Religião}, note = {Departamento de Pós-Graduação} }