@PHDTHESIS{ 2021:682587878, title = {Construir-se nas LGBTfobias: existência, resistência e capacidade de agir no contexto brasileiro.}, year = {2021}, url = "http://tede2.unicap.br:8080/handle/tede/1492", abstract = "Essa tese situa, no centro de suas reflexões, a construção da subjetividade como potência de agir face à violência por identidade de gênero e orientação sexual, que se convencionou nomear homofobia ou LGBTfobia. Essa pesquisa se inscreve na perspectiva epistemológica feminista dos saberes situados: o pesquisador encarna seu campo e sua escrita, pelos quais reivindica uma responsabilidade ética e política. O estudo que lhe deu origem foi conduzida com pessoas que se definem como gays, lésbicas, bissexuais, não binárias, travestis e transexuais (LGBTQIA+). O campo de investigação se dá no Brasil que sucede o golpe de Estado parlamentar de 2016, com a destituição da presidenta Dilma Rousseff, conduzindo à escalada da extrema-direita ultra neoliberal e conservadora que alcança a presidência com Jair Bolsonaro. Uma revisão extensa e sistemática da literatura científica permitiu evidenciar a história desta virada ideológica: a homofobia não mais será combatida pelo Estado, como começava a ser sob a égide dos governos anteriores; ela se torna, ao contrário, um modo de governo. Esses eventos implicaram, ainda, no aumento expressivo das violências que percorrem as narrativas das pessoas aqui entrevistadas. A partir dos relatos co-construídos no âmbito de entrevistas, a tese reconstitui 21 narrativas de vida (inclusive a do autor). Seus eixos de análise versam sobre as maneiras de se produzir a si-mesmo, face às prescrições culturais, sobretudo em termos de gênero e sexualidade; sobre as estratégias de existência e de resistência frente à violência; por fim, sobre a capacidade de agir coletiva e politicamente, visando a construção de uma rede de suporte. Partimos assim das discriminações sofridas para analisar como essa experiência participa à subjetivação de nossas entrevistadas e entrevistados. Para tal, mobilizamos como chave analítica o conceito de capacidade de agir (agency). Na esteira de uma releitura de Michel Foucault e Judith Butler por Saba Mahmood, pensada como um trabalho de si, essa potência de agir se distingue nitidamente da noção de resistência. Apoiamo-nos em três princípios: primeiramente, a violência é um ato que produz sujeição e, logo, formas de subjetividade; em seguida, esse processo de se tornar sujeito acontece na luta que implica a produção de uma margem de manobra frente à uma forma específica de violência; e, finalmente, essa capacidade não se limita às ações ou práticas que se opõem visivelmente às normas, mas inclui igualmente maneiras produtivas de habitá-las. Pudemos enfim observar que é na relação com esse tipo de vivência (concreta ou simbolicamente) onipresente, que LGBTQIA+ constroem suas maneiras de existir no mundo. Essa construção se dá numa negociação permanente com a norma sexual e de gênero, bem como com as sanções que as acompanham. Tal existência negociada requer modos criativos de ação: as maneiras pelas quais nos organizamos para produzir respostas criativas às experiências de violência formam modos de existir, e eventualmente resistir, que se traduzem em formas singulares de subjetividade. Em síntese, a subjetivação é, ao mesmo tempo, efeito e instrumento da capacidade de agir.", publisher = {Universidade Católica de Pernambuco}, scholl = {Doutorado em Psicologia Clínica}, note = {Departamento de Pós-Graduação} }